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A Metanoia

by Bel Aurora

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1.
deriva 03:30
caminhos leves ante o sol queima os olhos toda essa brancura um horizonte sem o céu ofuscando imagens ao fundir-se ao limiar à revelia a cor dessa loucura revirando as sombras de uma ideia que retorna quase com certeza derretendo fatos qual usura calibrando os gastos das artérias e retorna quase com certeza carcomida pelo sal qual lustrosa farpa de agruras ao cortar os pés no chão empreitar as marcas, caminhando ao sangrar você queria ver o céu eu a cavoucar o chão de areia senhora d’água sem fuzil fustigando ordens sem hordas na proa à revelia a cor dessa loucura, revirando as sombras de uma ideia, que retorna quase com certeza derretendo fatos qual usura, calibrando os gastos das artérias e retorna quase com certeza eu vim da foz daquele rio roubar as asas desse frio vadio e quem diria desposar um naufrágio particular você queria ver o céu eu a cavoucar o chão de areia senhora d’água sem fuzil fustigando ordens sem hordas na proa...
2.
páprica 03:04
queria jogar tudo o que te deram para o alto e garimpar mãos pelos pés como as margens de um ofício correndo pelas noites de água fria luar místico, extra-corpóreo te perpassa, te toca, te faz reparar na conduta frígida faz perder o eixo da coluna procurar um lugar pra tecer lágrima sente que a vida vai, vai te devorar e que que o ardor da páprica pode te abastecer áspera a condição em que pigmentos vão temperar e afogar mergulhar em condimentos e buscar acontecer vamos embora não há nada a se tocar aqui refúgio, servidão a retorcer-se e concluir vamos embora retomar o que for te servir as sobras renderão aproveitar o que não repelir vamos embora não há nada a acrescentar aqui sem corpo ou rendição e nenhum canto pra fugir vamos embora vai brotar o que deixou aqui talvez num só depois quando deixar o tempo reagir essa cidade nunca foi nossa, baby há pedaços secos de carcaça humana na calçada e nunca vamos conhecer esses genomas sob as solas das botinas da corte fardada
3.
incêndios 04:18
incêndios era só um cartaz procurando alguém que devia vagar por ali era só um cartaz feito pó de café um cartão estendido num bar numa rua uma rua qualquer era só um lugar um espaço qualquer onde eu não sei chegar você sabe onde é? era só um cartão de uma fábrica ali um carvão que é lançado no ar a fagulha que vi produzindo valor se com as mãos eu pudesse engolir controlar fatiar o vapor quem me dera conter um incêndio sequer com as mãos apagar e estancar os meus pés veja se leva o fim da última combustão veja se inverna a sua vítima penúltima veja se leva o fim da última combustão veja se inverna a sua vítima penúltima deixa vir o fim da trégua pela mão total da história deixa deixa vir a guerra até consumar-se a chama deixa vir fundir as eras pela mão total da história deixa deixa vir a guerra até consumar-se a chama quem me dera conter um incêndio sequer com as mãos apagar e estancar os meus pés
4.
homens-carneiros com ossos aparentes dependurados pelas suas línguas de cobra gosto agridoce homens-lagartos com olhos de víboras que contrastam com as suas línguas preguiçosas gosto de cachaça homens-cachorros com as mandíbulas inchadas de tanto ladrar com olhos roxos gosto salgado homens-bezerros com bocas pegajosas cheiro de estábulo gosto de mágoa andar a noite sem saber a hora que eles saem acordar pela manhã sem entender como eles dormem viver à margem de saber que horas eles darão seus botes e viver à margem, sem nenhuma ideia de precisamente que horas eles darão seus botes.
5.
Venha, meta-te a conversar sobre nada Só pra eu ouvir a tua voz Só pra eu te ouvir sobre nada Só pra eu te ouvir sobre nós Eu quero viver você Adentrar e te entender Você teme o quê? O que você quer dizer? Você expõe minha piada e ainda ri na minha cara O seu sorriso é tão nocivo Tanto me prende quanto me mata Porque não foge comigo desse lugar? Você é só sorrisos, esse lugar A gente é irreverente a esse lugar Somos só contentes, esse lugar Somos só resíduos, esse lugar Somos só latentes, esse lugar Você me move quase sem se mexer Benditos cortes sinto ao ver você Você me move sem se mexer Só os teus olhos já me dão prazer Você me move quase sem se mexer invento a morte só pra ser como você Você me move sem se mexer só os teus olhos já me dão prazer…
6.
a viva 04:34
você me parte em três fissuras indomáveis você me parte em seis sorrisos intocáveis você vem você vem você vem me olha de 26 andares muito altos me corta no teu olhar me joga no asfalto abre a janela afasta a cortina se parte em mil retalhos garota se você tem não perca o seu agrado você se mostra capaz ou alguém vem e te desfaz te desfaz te desfaz te desfaz te desfaz... você me deixa no chão recolhe o seu agrado e se aproveita de que há força do seu lado me desfaz, me desfaz, me desfaz garota, você não tem controle do seu corpo garota, você só tem uns dez pequenos anjos garota garota você me despe no céu em brumas retomáveis você me deixa no chão destrói as minhas fases sua coragem de me destroçar me desfaz.. ........
7.
tem um retrato na estante uma voz no alto-falante que me diz: tranque a porta ao sair, se não posso partir pra não voltar e vou morar no bico de um pássaro que canta: aaaaaa a aaaa tem um retrato na estante uma voz sem comandante que me diz guarde seus sonhos ao dormir se não posso comê-los pra tentar ser feliz tem um resto um resto de cesto um cheiro de incenso nos nossos banheiros tem um rastro um rastro abjeto de cascas de inseto em nossos cinzeiros
8.
paranoia 04:47
escombro alaranjado cobre áureo inócuo rosáceo roubado de um sonho irrisório vínculo infestado de zinco encorpado nos trincos formado de couro coroado no tempo pro passado ilusório como ontem eu ouvia tua valsa e sentia na tua imagem parceria e o contrato que eu não atendia, não assinava e nem você, nem você.... ...conseguia. você queria a calmaria, desejo que eu não entendia, não escutava, só limitava sentidos…. versos perdidos em brandas alegrias que só passam quando vencidas em histórias da carne presa ao mar, numa parte que se perde em tom de alga , outra parte que se seca enquanto salga… outro dia procurava outra sorte que me prendesse à tua voz, mas eu não vou render-me a trégua à luz da tua fábula, tua pálpebra comedida, tua falsa companhia, tua voz sentida, tua feroz mordida, tua razão mentira díspare sensação que desperta inverdades em saborosa neurose aferra-me os dentes e me seca essa realidade descoberta que remaquina ontem….. você vai, você vai, você vai - aonde tanto faz, tanto faz, tanto faz - se esconde você vai, você vai, você vai - me conte tanto faz, tanto faz, tanto faz - me esconde e distrai e distrai e distrai - aos montes me distrai me distrai me distrai - se esconde díspare lástima sequestra meu raciocínio contorna o caminho lógico arrasta o corpo sobre os ombros range em meus nervos que gastam como se só houvesse lágrima mácula fossa rebarba infecunda inexata mágoa
9.
sila 03:39
a tua voz na minha cabeça se expande e me manda pra fora a tua voz na minha cabeça me explora entrega-me à ruptura báltica hidra fundida da sua tortura entrega-me à ruptura báltica hidra fundida da sua tortura a tua voz na minha cabeça me cala e então me contorna a tua voz na minha cabeça me esgota entregue à fissura técnica mista tingida à suor e gordura entregue à fissura técnica mista tingida à suor e gordura a alcova é redonda e se hoje eu sou mulher empunho espadas, cinjo os flancos a alcova é redonda e se hoje eu sou mulher pendulam lírios dos meus lábios a alcova é redonda e se hoje eu sou mulher escorrem onças dos meus seios a alcova é redonda e se hoje eu sou mulher... todas as vezes ao me deparar com essa garganta seca eu não tive vontade de mergulhar todas as vezes ao me deparar com essa pele fresca eu não pude deixar de reparar e inspirar e respirar e respirar e a alcova é redonda e se hoje eu sou mulher empunho espadas, cinjo os flancos a alcova é redonda e se hoje eu sou mulher pendulam lírios dos meus lábios a alcova é redonda e se hoje eu sou mulher escorrem onças dos meus seios a alcova é redonda e se hoje eu sou mulher… a tua voz na minha cabeça remói minha boca e amola a tua voz na minha cabeça me esfola entrega-me à tontura tácita miss, vestes finas da sua ternura entrega-me à tontura tácita miss, vestes finas da sua ternura todas as vezes ao me deparar com essa garganta seca eu não tive vontade de mergulhar todas as vezes ao me deparar com essa pele fresca eu não pude deixar de reparar e inspirar e respirar e respirar e a alcova é redonda e se hoje eu sou mulher empunho espadas, cinjo os flancos a alcova é redonda e se hoje eu sou mulher pendulam lírios dos meus lábios a alcova é redonda e se hoje eu sou mulher escorrem onças dos meus seios a alcova é redonda e se hoje eu sou mulher…

about

"A Metanoia" is a conceptual album idealized by Bel Aurora in which the main theme is the poetic of cycles. Metanoia means "to change your mind" and this collection of songs are united by the moment they represent: the middle-way of long life processes. To be in between a moment and another one. Conceived in 2017 and made true in 2020 in collaboration with music producer Guilherme Kastrup, the album is composed by 9 tracks with affective and existential lyrics immersed in the "between" of indie: popular brazilian music, rock, prog, synth and chamber pop. Accounts with the participation of collaborators Samuel Bueno, Sintia Piccin, Shaya Lambert, André do Amaral, Felipe Kouznetz, Maria Beraldo, Cris Cunha, Ariel Aricas and Fernando Mota. Visual artist Antonia Perrone signs the cover art and work counts with the artistic production of Cris Rangel. Mixing engineer is Alejandra Luciene and Master by Ricardo Prado.



“A Metanoia” é um álbum idealizado por Bel Aurora que tem como tema central a poética dos ciclos. Metanoia significa “mudar de ideia” e, segundo a artista, o título vem porque este conjunto de composições se une pelo momento que representam: o “meio do caminho” dos processos. Estar entre um momento de vida e outro. Concebido em 2017 e realizado em 2020 em colaboração com o produtor Guilherme Kastrup, contém 9 faixas de letras existenciais e afetivas imersas no “entre” do indie: mpb, rock, progressivo, synth e chamber pop. Conta com participações de Samuel Bueno, Sintia Piccin, Shaya Lambert, André do Amaral, Felipe Kouznetz, Maria Beraldo, Cris Cunha, Ariel Aricas e Fernando Mota. Mixagem por Alejandra Lucieni e Masterização por Ricardo Prado. A artista visual Antonia Perrone assina a capa e o trabalho conta com direção de produção artística de Cris Rangel. Assessoria de Imprensa : Alessandra Braz (Favorite Assessoria)

credits

released October 10, 2022

Bel Aurora: composer of all tracks except for "um retrato na estante" , vocals, accordion, wurlitzer, synths
Guilherme Kastrup: musical production, drums and percussions
Samuel Bueno: bass
Sintia Piccin: baritone saxophone
Shaya Lambert: cello
André do Amaral: acoustic piano
Felipe Kouznetz: guitars, noises, composition of "um retrato na estante"
Maria Beraldo: clarinet in "paranoia"
Cris Cunha: voices and choir in "incêndios"
Ariel Aricas: sound collages, synths in "A Viva" and "um retrato na estante"
Fernando Mota: baritone saxophone in "paranoia"
Antonia Perrone : cover art
Cris Rangel: executive producer and artistic director
Alejandra Luciene : mix engineer
Ricardo Prado: master engineer

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Bel Aurora São Paulo, Brazil

Bel Aurora is a brazilian composer, singer, instrumentist and producer.

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